Un ‘falso’ Neruda

DEMOS A MARTHA, LO QUE ES DE MARTHA

La Red es un zoco donde se vende de todo, desde basura, bastante basura, a obras de arte y auténticos hallazgos. Si el plagio ya existía antes de que nos ‘internetizáramos’ no es de extrañar que en este bazar, plaza pública, verdulería o como quieran llamarlo, ese fenómeno de endosar a Pepe lo que corresponde a Juan o Juana o apropiarse de ‘derechos’ que no nos corresponden está al alcance de cualquiera. Uno de los ‘productos’ atribuidos normalmente a gentes de renombre son esos ‘pensamientos’, ‘aforismos’, ‘apotegmas’ y demás ‘paremias’. Nos gustan esas ‘reflexiones’ mientras las leemos, aunque luego se nos olviden.

Ocurre que textos escritos por personas menos conocidas son atribuidos a próceres literarios: los Neruda, los García Márquez, Borges o al mismísimo Gandhi. Eso es lo que ha salido a la luz últimamente del conocido texto “Muere lentamente…”, atribuido a Pablo Neruda, cuya verdadera autora, es la escritora y periodista brasileña Martha Medeiros. El texto falsamente nerudiano, escrito en castellano, seguramente lo conocen. Empezaba así:
“Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito, repitiendo todos los días los mismos trayectos, quien no cambia de marca, no arriesga vestir un color nuevo y no le habla a quien no conoce.

Muere lentamente quien evita una pasión, quien prefiere el negro sobre blanco y los puntos sobre las "íes" a un remolino de emociones, justamente las que rescatan el brillo de los ojos, sonrisas de los bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos…
El Náufrago ha encontrado, está en la red, no hay ningún mérito, el texto auténtico escrito en portugués- brasileiro, que quizá por estar escrito en esa lengua más suave , menos ruda, suena hasta mejor, con algunas variantes respecto al texto ‘español’ que algún día leímos. Lo transcribo como homenaje a Martha Medeiros, su verdadera autora, y a su hermosa lengua natal. No resulta demasiado difícil entenderlo:

  • A morte de vagar
Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
Martha Medeiros

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Después de leído todo el texto, El Náufrago se ha traducido para sí, quizá con algunos errores, el último párrafo, para recordarlo todos los días:
"Muere lentamente quien pasa los días quejándose de la mala suerte o de la lluvia incesante, desistiendo de un proyecto antes de iniciarlo, no preguntando sobre un asunto que desconoce y no respondiendo cuando le preguntan sobre lo que sabe. Muere mucha gente lentamente, y esta es la muerte más ingrata y traidora, pues cuando ella se aproxima de verdad, ahí ya estamos muy desentrenados para recorrer el poco tiempo restante.

Que mañana, por lo tanto, sea ya tarde para que sea nuestro día. Ya que no podemos evitar un final repentino, que por lo menos evitemos la muerte en suaves cuotas, recordando siempre que estar vivo exige un esfuerzo bastante mayor que el simple respirar".

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